sábado, 25 de maio de 2013

GARI PATINADOR ARRASA EM SETE LAGOAS

Gari patinador arrasa na coleta de lixo e faz sucesso em Sete Lagoas
Funcionário da limpeza urbana diz que termina o serviço mais rápido sobre rodas
Josimar Moreira, de 25 anos, trabalha há um mês no serviço de limpeza urbana de Sete Lagoas, na região central de Minas Gerais. Ele anda de patins há cerca de 15 anos e resolveu levar o hobby para o novo emprego.
Moreira trabalha de segunda a sábado, das 7h às 15h20. Assim que começa o serviço, ele troca as botas gastas pelo par de patins. Segundo ele, assim é possível terminar suas funções mais rápido que os colegas.
— Já aconteceu de ser três em um caminhão e eu juntar o lixo de todos os bairros sozinho.
O gari também considera que fica menos cansado. Além disso, todas as pessoas que cruzam com o funcionário deslizando pelas ruas parecem aprovar.
— Uma vez eu passei em um bar, tinha uma turma de umas vinte pessoas em uma mesa, e todo mundo começou a bater palma para mim. Foi bacana.
Para Josimar Moreira, o serviço de gari é simples: eles recolhem os lixos das ruas e os concentram em um só ponto, onde o caminhão pode passar e levar tudo de uma vez. Ele confessa que patinar só fica difícil quando as sacolas estão muito pesadas.
— Aí não é fácil não, tem que ter habilidade e resistência.
Fonte: http://noticias.r7.com/minas-gerais/gari-patinador-arrasa-na-coleta-de-lixo-e-faz-sucesso-em-sete-lagoas-24052013
Foto: Record Minas

quinta-feira, 16 de maio de 2013

GARI 'CANTOR' DE SALVADOR/BA

Gari 'cantor' comemora o dia e fala da 'necessidade de educar o cidadão'
José Jorge de Jesus, 52 anos, trabalha há seis anos nas ruas de Salvador.
'As pessoas dizem que minha música passa uma energia positiva', conta.
Ele não fala inglês, espanhol, nem italiano. Não é cantor, "e nem quer ser", como gosta de frisar, mas é com um repertório que vai de Édith Piaf, passa por Michael Jackson e chega até Roberto Carlos, que o gari José Jorge de Jesus encara a rotina diária de seu trabalho no bairro da Liberdade, em Salvador.
Nesta quinta-feira (16), Jorge, como prefere ser chamado, comemora o dia do gari com sua história de amor à música e o pedido para que as pessoas dediquem alguns minutos à reflexão da importância da profissão desses trabalhadores que, segundo ele, "muitas vezes não são vistos pela sociedade".
Conhecido na vizinhança como o "gari cantor", Jorge conta de onde veio a paixão pela música. "O gosto é desde pequeno. Eu ouvia muito Roberto [Carlos], Michael [Jackson], gosto muito de cantar Roberto. Daí fui me interessando pela música, cheguei a cantar em palcos, brincadeiras de rua, mas nunca quis me envolver com o profissionalismo, e nem quero", diz.
Para ele, cantar é um modo de encarar a vida. "É só pra viver a vida, curtir com alegria,trabalhar alegre e passar isso para as pessoas", conta.
Todos os dias, Jorge começa o trabalho às 6h30, e sua cantoria, que é ouvida em toda a praça da localidade do Sieiro, chega a acordar parte da vizinhança, segundo explica. "As pessoas dizem que passo uma boa energia pela manhã, acordo muitas pessoas e as pessoas me agradecem por isso, porque eu transmito energia positiva, embora seja um trabalho que as pessoas não valorizam muito", diz.
Educação e preconceito
"A nossa população, nosso sistema, algumas pessoas ainda discriminam muito. Por exemplo aqui, alguns comunicam-se com você sem farda, mas quando você está com a farda e dá um bom dia, poucos respondem. Isso existe, infelizmente, algumas discriminações em nosso país. As pessoas não dão muito valor, mas é preciso que elas lembrem que o gari tem muito valor em uma cidade", diz.
Para ele, a população de Salvador ainda precisa de educação no cuidado e manuseio do lixo. "Ainda precisamos melhorar muito. No dia-a-dia, a gente vê que as pessoas ainda jogam lixo no chão, uma coisa que não deveria nem existir mais. É preciso que prefeitura e os órgãos públicos trabalhem em cima disso, educando a população. Primeiro se educa e aí, sim, a gente pode exigir algo da população. Precisamos mudar, precisamos mudar para que Salvador tenha os bairros mais limpos. Podemos fazer isso, agora precisamos se unir e todo mundo trabalhar", diz.
Jorge é pai de duas filhas, uma prestes a se formar em Nutrição, é casado e avô de dois netos. Em Salvador, segundo dados da Limpurb, vinculada à gestão municipal, 2.800 garis atuam na limpeza da cidade.
Fonte: http://g1.globo.com/bahia/noticia/2013/05/gari-cantor-comemora-o-dia-e-fala-da-da-necessidade-de-educar-o-cidadao.html
Foto: Egi Santana/G1-BA

GARI É 'PATRIMÔNIO' DE SÃO VICENTE/SP

Gari de 86 anos é considerado 'patrimônio' em São Vicente, SP
Morador de São Vicente, SP, faz parte da equipe de garis há 21 anos.
Domingos Agostinho é considerado "patrimônio" da cidade do litoral de SP.
Funcionário da Companhia de Desenvolvimento de São Vicente (Codesavi), no litoral São Paulo, Domingos Agostinho, de 86 anos de idade, é um exemplo para esta quinta-feira (16), data em que se comemora o Dia do Gari. Considerado "patrimônio" da empresa, o trabalhador está há 21 anos na equipe que agora coordena.
De segunda-feira à sábado, a rotina de Domingos começa cedo. Ele acorda todo dia às 4h30, sai de casa, no bairro Catiapoã, às 5h15, toma um cafezinho e, às 5h40, se junta aos 40 varredores que coordena. O ponto de encontro é a Praça 22 de Janeiro, no bairro Biquinha. Depois de dar as instruções e liberar a equipe, ele vai até os locais onde os funcionários atuam para fiscalizar o trabalho das 36 mulheres e quatro homens do grupo. O expediente só termina por volta das 11h30.
O funcionário com mais idade da Codesavi conta que não tem segredo para tanta disposição aos 86 anos. "Nunca fui de me estragar, de perder noites com bagunça. Sempre me alimentei bem e respeitei os meus limites", explica.
Domingos nasceu em Itabaiana (SE) e veio para São Vicente quando tinha 22 anos, em busca de melhores condições de trabalho. "Lá no Sergipe não tinha recursos, oportunidades, então vim tentar a vida aqui em São Vicente", relata.
O primeiro emprego que conseguiu na região foi em uma empresa ferroviária, onde começou como soldador e, depois de dois anos, passou a maquinista. Foram 27 anos, até que foi convidado a trabalhar na Codesavi, em 1983. Ele chegou a se desligar por alguns anos mas voltou em 1992, para não sair mais.
Apesar de gostar do que faz e de estar em plena forma, Domingos já pensa em parar. "Faço o que gosto e me dou bem com todo mundo. Mas já estou cansado, tenho 86 anos, acho que já está na hora de parar. Já comuniquei a empresa, e deve acontecer em breve. Só estou esperando a decisão deles", conclui.
Em 2011, Domingos Agostinho recebeu o título de Cidadão Vicentino da Câmara Municipal de São Vicente. A honraria foi concedida pelos vereadores por sua dedicação à cidade e ao serviço público.
Fonte: http://g1.globo.com/sp/santos-regiao/noticia/2013/05/gari-de-86-anos-e-considerado-patrimonio-em-sao-vicente-sp.html
Foto: Divulgação/Codesavi

quarta-feira, 15 de maio de 2013

ESPECIAL HISTÓRIAS DE VIDA, GARIS

No Dia do Gari, Slum apresenta especial com histórias de vida
A vida também é feita de descartes. A todo o momento jogamos algo fora. Uma lembrança, uma promessa, as sobras do amor, um pedaço da história, os restos da reforma, o lixo nosso de cada dia. Em todos os casos, ele está lá, pronto para acabar com a sujeira que teimamos repetir e com a qual não aprendemos a lidar: o gari.
O profissional de limpeza, que ganhou o dia 16 de maio para celebrar sua profissão – tão nobre e digna como qualquer outra, saliente-se –, começa a conquistar o respeito que merece e a mostrar que há um ser humano com anseios e aspirações de viver bem dentro da farda laranja que, paradoxalmente, parece torná-lo invisível aos olhos da sociedade.
No ofício, seja como coletor ou agente de limpeza, sempre há trabalho – e muito – pela frente, dia após dia. Afinal, falamos de uma Maceió com um milhão de habitantes que produzem e descartam diariamente resíduos de toda ordem, muitas vezes de modo inadequado.
Mas nem ouse dizer a um agente de limpeza o pensamento rasteiro: “O lixo que eu produzo garante o seu emprego”. Você corre o risco de ouvir: “Morrer ninguém quer para dar trabalho a coveiro”, como apontou a gari Verônica Santos, 47, uma das personagens que ilustram o presente texto. Junto com Augusto Neiva, 47, e Antônio Silva, 26, ela é um dos exemplos que reafirmam o valor da profissão e de como o dia-a-dia de um gari não se resume a limpar o seu trabalho sujo. A Superintendência de Limpeza Urbana de Maceió tem a honra de relatar os seus exemplos e histórias de vida a seguir. Confira.
Do mercado para a universidade
No final do ano passado, alguns comerciantes do Mercado da Produção foram surpreendidos com a atitude de dois garis que atuam na limpeza da área do antigo Ceasa. Eles inverteram a lógica e, ao invés de pedir um “agrado de fim de ano”, os agentes de limpeza distribuíram caixas de chocolates com os comerciantes que contribuíram com o seu trabalho ao longo do ano. “As pessoas estão acostumadas que o gari peça uma ajuda, mas eles nos ajudaram na limpeza, nada mais justo do que nós agradecermos a eles. Foi uma forma de conscientizá-los”, explicou o gari José Augusto da Luz Neiva.
No exato dia da entrevista, Augusto completava 12 anos como agente de limpeza. Aprovado em concurso público, ele trabalha na área do Mercado da Produção há três anos. Antes, chegou a atuar nas ruas dos bairros do Vergel do Lago e do Prado.
A mudança de “escritório” ocorreu após passar no vestibular para o curso de Tecnologia em Laticínios, no Instituto Federal de Alagoas (IFAL). O estímulo veio da família. Esposa, filho e um irmão, já falecido, insistiram. “As pessoas dizem que um agente de limpeza não tem como mudar de função. Mas a família falava que com estudo eu conseguiria crescer na vida. Voltei a estudar, fiz Enem e passei”, relata Augusto.
Depois de 26 anos sem encarar a sala de aula, o gari venceu preconceitos, como o da profissão e o da idade, e abriu um novo horizonte em sua vida.
O curso foi escolhido a partir de uma empatia de criança com produtos derivados do leite. “Sempre achei interessante a coisa queijo e do leite. Um dia, vi uma reportagem sobre o curso e resolvi arriscar”, explica.
Hoje, a rotina diária de Augusto Neiva é dividida com as manhãs na sala de aula e o turno de seis horas como gari, na parte da tarde. Com o diploma, além de um aumento no salário na atual profissão, ele pode futuramente atuar como consultor de alimentos, no gerenciamento de processos ou até criando produtos em laticínios. Porém, o seu objetivo é continuar na universidade, como professor. “Pretendo fazer um mestrado em Nutrição para ensinar”, confessa.
Por fim, Augusto revela que a volta aos estudos o fez valorizar ainda mais o ofício da limpeza. “O próprio gari precisa perder o preconceito que ele tem consigo mesmo”, ensina Neiva, que passa o recado para a população. “As pessoas precisam ter consciência que o lixo que elas descartam de modo irregular hoje vai prejudicá-las amanhã. Conscientizar é a palavra-chave. Conscientize o ser humano que ele muda”.
Lutar para viver melhor
Câmeras nas ruas para fiscalizar e multa e trabalho para quem descarta o lixo inadequadamente na cidade. Eis as ideias da gari Maria Verônica Santos da Silva para combater a sujeira provocada diariamente pela população. “Eu acho que deveria ter multa e também que as pessoas pagassem com um trabalho de limpeza. Elas deveriam atuar na limpeza urbana durante um tempo para aprender”, aponta a gari. “Na Praça Padre Cícero, no Vergel, é uma vergonha. Quase todos os dias, uma caçamba da Slum vai lá, recolhe o lixo e no outro dia está a mesma sujeira. Deveria haver câmeras nas praças para flagrar quem joga o lixo. Tenho certeza que é mais barato instalar uma câmera do que enviar um caminhão para recolher lixo todos os dias”, completa.
Verônica não é boa só de cabeça – tronco e membros também começaram a entrar em forma mesmo aos 47 anos de idade. Não bastasse a batalha diária de tentar deixar as ruas do Vergel do Lago limpas e higienizadas, ela encontra forças para praticar boxe e muay thai, duas horas por dia, de segunda a sexta.
A motivação foi o excesso de peso, 15 quilos acima do recomendado. O filho, fã de artes marciais, contribuiu com um estímulo extra. Após a chegada à Academia Gladiador, no Núcleo de Cultura do Vergel, a evolução foi rápida, garante o professor Flávio Melo. “Com um mês de academia, parecia que ela já vinha treinando há três meses ou mais. Ela bate forte, tem uma desenvoltura e uma condição motora boa”, avalia o mestre.
Corpo e mente agradeceram e logo Verônica passou a sentir os benefícios da prática esportiva: “Eu vivia com dores pelo corpo e me sentindo muito pesada, indisposta, tinha até insônia. No primeiro dia de pratica, eu já senti a diferença no meu organismo, no meu metabolismo”, garante ela, que já pensa em participar de um torneio programado para o mês de setembro.
Mas o dia não acaba aí para ela. A noite, ainda tem o curso de Processos Gerenciais em Alimentos, na Univesidade Estadual das Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal). “Foi o meu trabalho de gari que me permitiu ter tempo para voltar a estudar. Quando passei no concurso, eu nem tinha o segundo grau. Agora, já penso em fazer pós-graduação em Gestão Ambiental”, diz.
Concursada pela Prefeitura de Maceió e há 13 anos na labuta da limpeza pública, Verônica diz ter orgulho da profissão. Chegou até a rejeitar os convites de transferências para outras secretarias. “Eu estou na limpeza por que optei. Eu acho um trabalho ótimo. É gratificante, eu gosto do que eu faço. Eu acho lindo quando vejo uma rua que estava suja e foi limpa graças ao meu trabalho”, assegura. Mas não deixa de puxar a orelha dos sujões. “A gente tenta manter a cidade limpa, mas a população não colabora”, cutuca, antes de relatar um fato inusitado. “Eu larguei do trabalho e fui andado pra casa, pelo Dique Estrada. Vinha um carro grande, um carro bom, e jogou uma sacola de lixo que estourou no meio da pista. Depois ele jogou outra. Quando ele diminuiu a velocidade e passou por mim, eu disse: ‘Coisa bonita!’. A reação dele foi mandar uma banana para mim. Quer dizer, que consciência essa pessoa tem? E ao longo do Dique Estrada há vários containeres”.
Por fim, Verônica lembra que, apesar de já ter se sentido mais marginalizada, a valorização de sua profissão vem aumentando. “As pessoas estão começando a respeitar o nosso trabalho. Mas ainda há quem falem assim: ‘Eu queria arrumar um emprego nem que fosse de gari’, como se essa fosse a pior profissão do mundo. E não é. É um trabalho digno e muito importante para a sociedade. Quem sabe daqui a um tempo essa mentalidade muda”, conclui.
Tony Silva, o Maluquinho do Forró
“Achei um corpo no Riacho do Salgadinho”. José Antônio da Silva descreve sumariamente o momento mais curioso que viveu durante os 18 meses de atuação na limpeza urbana. A cena mórbida contrasta com o jeito espirituoso do jovem de 26 anos, também conhecido pelo nome artístico de Tony Silva, o Maluquinho do Forró.
Boa praça e de sorriso fácil, o carismático Maluquinho sonha desde criança em viver pelos palcos. Natural de Pão de Açúcar, mas criado e crescido em Maceió, o gari despertou para a música quando viu um show de forró, na cidade de Viçosa. Curiosamente, anos depois, a estreia como forrozeiro aconteceu durante uma vaquejada na mesma cidade.
Perseverante, ele fez a carreira começar a engrenar. Chã Preta, Viçosa, Maceió, Porto Calvo, Barra de Santo Antônio, em Alagoas, e até cidades pernambucanas como Correntes, Garanhuns e Canhotinho, já assistiram as apresentações de Tony Silva. “Eu faço festa de aniversário nas cidades, os prefeitos me chamam, já toquei até aqui numa festa da empresa”, diz ele, que é funcionário da Viva Ambiental, uma das companhias terceirizadas que realizam a limpeza urbana na cidade sob gerenciamento da Slum.
No palco, são seis componentes e uma música que ele classifica como “uma mistura de vanerão e pisadinha”, vertentes derivadas do forró eletrônico. A discografia acumula três lançamentos em CD e até um DVD, tudo produzido artesanalmente, e com repertório que mistura sucessos do momento com composições autorais. “Gosto de mexer com os dois públicos. O meu show é diferente, eu canto, agito e brinco com o pessoal”, garante.
O dinheiro dos cachês ajuda a complementar a renda, mas Maluquinho diz que canta mesmo é por amor. “O meu sonho é musica. Eu gosto de cantar, posso até nem ganhar um real, mas quando mais show eu fizer melhor. Se alguém disser: ‘Eu pago 10 centavos’. Eu vou. Basta pagar os músicos”, revela. Os calotes são raros, mas acontecem. “Como não tenho empresário, levo uma trombazinha de vez em quando e tenho que pagar os músicos com dinheiro do meu bolso”, conta.
De volta ao trabalho, ele diz fazer a coleta “com alegria”. “É um dos melhores empregos que eu já tive. Aqui, foi onde eu mais melhorei a minha vida. Agora, estou com projetos para investir na banda. Peraí, que vou botar a música nova que eu fiz”. E o ritmo frenético de “Chelê-lê-lê” começa a ecoar pelas caixas de som…

MURAL DO GARI