Outro dia, durante um diálogo com o jovem Pedro Henrique, de 4 anos, notei algo que talvez possa passar imperceptível aos olhos de alguns, assim como passava pelos meus. Perguntei o que ele sonhava em ser quando crescesse, e a resposta foi piloto de Fórmula 1. Então comecei a perguntar para outras crianças e notei que nenhum tem o desejo de seguir a profissão de gari.
Apesar do trabalho de um gari não ser tão reconhecido por todos, não podemos deixar de considerá-lo importante. O serviço dos garis é justamente fazer o que muitos não querem, que é preservar o meio ambiente. E é deste modo que eles conseguem o próprio sustento e têm conscientização dessa importância.A profissão de gari ainda é muito ignorada, no entanto são justamente eles que, além de manter a cidade limpa, fazem do próprio trabalho uma atividade indispensável aos habitantes das grandes cidades.
“O que me faz trabalhar como gari é a necessidade, porque emprego está difícil, mas somos discriminados, pois as pessoas pensam que não sabemos ler, no entanto têm várias pessoas aqui que estão formadas”, disse Gilmar Pereira dos Santos, 33 anos, gari há oito anos. Para Gilmar dos Santos, que já trabalhou antes como agricultor e de ajudante de pedreiro, o dia-a-dia de um gari é muito variável. Os moradores cobram muito, e os garis não são bem-remunerados na profissão. “Eles pagam em dia, mas existe uma outra empresa que os trabalhadores são bem mais remunerados”.
A limpeza das ruas é dividida em três setores: capina, coleta e varrição. O outro gari Bartolomeu Rodrigues já trabalhou durante dois anos na coleta, que é limpar caixas de lixo. “Eu tinha que retirar todo o lixo que ficava dentro da caixa e aproveitava e já fazia a separação dos materiais recicláveis”.
Estes dois garis são funcionários da Companhia de Urbanização de Goiânia - Comurg; trabalham oito horas por dia, sendo que, enquanto um varre, o outro colhe o lixo produzido pela equipe que faz a varrição das ruas, “carrinha”, assim denominada por eles.
Para eles, existem épocas do ano em que o serviço é mais puxado. “Geralmente trabalhamos mais em datas comemorativas, final de ano e no período eleitoral, pois temos que cuidar antes de começar tudo, e depois, também, para manter tudo limpo”, explicou Gilmar. Para os profissionais, tem algo na área que os agrada muito, que é ter o contato com os moradores e a amizade que surge. “O melhor de tudo é a amizade, pois passamos mais tempo aqui do que com a nossa família; então fazemos parte da comunidade”, concluiu Bartolomeu. E, em relação ao meio ambiente, a intenção é a melhor possível.
“Nós fazemos a preservação e a recuperação do meio ambiente. O caminhão passa recolhendo o lixo três vezes por semana e despeja no aterro sanitário de Goiânia. Mas a humanidade deve se conscientizar mais, pois já fazemos a nossa parte”. Para se tornar um trabalhador na profissão de gari, tem que se fazer concurso público.
Durante a administração de Iris Rezende (2005 a 2008), atuei na Comurg. Foi quando descobri como são inúmeras as dificuldades dos trabalhadores dessa companhia, e que o lixo pode ser uma excelente alternativa para incrementar a economia, promover a emancipação social, melhorando a renda e a qualidade de vida de muitos; e que lidar com o lixo de forma responsável e estratégica também vai proteger o meio ambiente e garantir um futuro melhor para todos.
Então vai aí nossa homenagem...
Se os garis fossem políticos, provavelmente o lixo seria varrido do cenário político nacional.
Caberia então ao gari varrer as ruas, cidades, prefeituras, palácios, Assembléias, Câmaras e o Congresso dos dejetos que deveriam representar o povo.
Varrer com a vassoura do voto!
Varrer com a vassoura da honestidade!
Varrer com a vassoura da consciência ambiental...
Parabéns aos quase 5000 guerreiros e guerreiras que acordam todos os dias às 4 horas para cuidar da limpeza de nossa cidade...
Extraído do DIÁRIO DA MANHÃ ON-LINE Goiânia/GO - Por: Paulo Arantes - Coordenador de Finanças da Juventude do PT/GO.
A limpeza das ruas é dividida em três setores: capina, coleta e varrição. O outro gari Bartolomeu Rodrigues já trabalhou durante dois anos na coleta, que é limpar caixas de lixo.
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